Aborto/IVG: lavar daí as mãos
É com algum incómodo que me sinto obrigado a redigir este artigo, por ver que um Governo maioritário coloca uma decisão difícil como é o Aborto/IVG nas mãos dos eleitores, dividindo-os, sabendo que os membros desse Governo têm uma posição clara, e assumida em campanha eleitoral, sobre o assunto, quando podiam alterar a lei em assembleia.
Ponto 1: Em todos os lugares onde há homens e mulheres normais, o papel do homem é muito mais activo no que respeita ao acto sexual, logo, é ele o principal actor numa fecundação, por isso, não se compreende porque razão na actual lei apenas a mulher é condenada, quando muitas vezes foi até coagida a ter relações sexuais.
Ponto 2: Uma mulher que engravida sem desejar demora algum tempo a saber que está grávida; demora tempo a decidir se deve ou não informar o parceiro ou os familiares; demora tempo a decidir se deve ou não abortar; demora tempo a decidir onde e como vai abortar; logo, quando finalmente é feito o aborto, terão muitas vezes passado já as dez semanas. Pela nova lei a aprovar no referendo, muitas mulheres continuarão a ser condenadas, excepto se já tiverem claro na sua mente que se engravidarem abortarão, o que significa que o aborto vai ser usado principalmente como meio anti-concepcional.
Ponto 3: Tal como a actual, a nova lei, não atribuirá qualquer responsabilidade ao homem, pelo caberá apenas à mulher decidir quando e de quem deseja ter filhos, anulando o direito à igualdade entre os sexos, no que respeita à opção da descendência.
Pelas razões expostas votarei Não neste referendo, mas se me perguntassem se concordo com a Interrupção Voluntária da Gravidez se realizada em estabelecimento legalmente autorizado, em qualquer momento do desenvolvimento do embrião/feto desde que assinassem por baixo a mãe, o pai, um profissional de saúde responsável, e, já agora, porque é a minha área, um psicólogo responsável, votaria Sim.
S. Lopes, Braga
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