quarta-feira, março 15, 2006

O Homem como ser Psicológico

(Artigo Recuperado)

O Homem como ser Psicológico

O Homem – homem como ser individual com personalidade própria e/ou Homem como conjunto de todas as sociedades e civilizações desde os tempos mais primitivos até aos nossos dias – nasce, cresce, vive e morre como todos os outros seres vivos animais. Como animal que também é, pertencente à classe dos mamíferos, a espécie humana diferenciou-se dos outros animais devido a um maior crescimento natural do seu cérebro e a um desenvolvimento da fala que permitiu a criação de ideias, tornando-se o ser por excelência do planeta Terra.

A aplicação de ideias na prática fez com que o homem criasse artefactos que deram azo ao surgimento de novas ideias, que por sua vez serviram para a criação de novas técnicas e assim sucessivamente até aos nossos dias, onde somos confrontados com elevada tecnologia desde a física quântica e nuclear, passando pela informática e electrónica até microbiologia e genética e... sabe-se lá para onde caminharemos!...

A par desta evolução tecnológica, o homem presenciou outras evoluções na sua história: evolução política, económica, cultural e artística, religiosa e filosófica, e psicológica. Com grandes crises, muitos altos e baixos, mas sempre com tendência crescente... E até onde!? Terá o homem limites?... Certamente que sim!... Não terá o homem atingido os limites nesta perplexa evolução, sempre que alguém morre por causa não natural?

Nas diferentes evoluções acima citadas não teremos já atingido os limites em algumas delas? Tecnologicamente certamente que não – todos os dias se fazem novas descobertas. Economicamente não há limites. O valor do dinheiro é psicológico. Pode-se evoluir sempre aumentando os valores ou dando novos nomes ao dinheiro. Cultural e artisticamente não haverá limites porque são os limites da imaginação, e basta mudar uma frase num texto para um livro ser diferente, apesar da mesma ideia. Note-se que existe “Madame Butterfly” ópera, música, teatro, filme, e livro – e pode-se perguntar até que ponto é criação ou repetição/estar nos limites. Politicamente já se testaram todos os sistemas, e a democracia republicana, que parece ser o melhor neste momento, não o foi já na antiga Grécia? Religiosa e filosoficamente já todas as fórmulas e teorias foram testadas, e não passaram disso. É que neste campo, há duas saídas, ouse vive feliz na ignorância, ou por mais que se procure, por mais que se estude, o que se vai encontrar é o nada, o absurdo, ou a loucura.

O homem é física e psicologicamente limitado. Não se pode ultrapassar a ele próprio. Reparemos que após milhares de anos de evolução, o homem continua a ter as mesmas necessidades básicas para sobreviver, como respirar, alimentar-se, etc., como tinha antes de ter descoberto o silex.

Psicologicamente o homem é como um computador. Nasce com um corpo físico e com uma memória limpa. Aos poucos vão-se introduzindo dados e programas na memória dados: pai, mãe, rua, castigo, casa/ programas: se sair para a rua pai castiga. Educação familiar, catequese, escola, amigos, rua, televisão, cursos completos, empregos, casamentos, filhos, doenças acidentes, reforma... e a memória começa-se a perder por atingir a validade. Não atingiu os limites. Mas, se durante a vida acontecerem grandes desgostos emocionais, de amor ou perdas de entes queridos, grandes contratempos e desgraças, não se consegue o curso ou emprego que se deseja, e continua-se a tentar e começa-se a perguntar porquê? Introduzem-se dados e mais dados na memória para tentar saber porquê. E nunca surge a resposta e continua-se a tentar... até que, a memória se acaba. Para entrarem umas coisas apagam-se outras, baralha-se tudo, não se sabe o que se sabe e o que não se sabe e atinge-se a loucura.

Porque o cérebro humano onde é armazenada a memória consciente e inconsciente tem limites. Exceptuando os acidentes cerebrais que afectam a memória, não raro se conhecem pessoas que ficaram esquizofrénicas ou com outras doenças mentais devido a estudos excessivos. E as crianças sobredotadas, que futuro se lhes reserva?!

A evolução humana só foi possível porque foram muitos cérebros a pensar ao longo de milénios. Cada um deu potencialmente uma minúscula contribuição. Imaginemos que necessitamos da fórmula BDH e cada cérebro só comporta três letras. O primeiro comporta ABC, o segundo comporta DEF e o terceiro GHI. Um quarto cérebro pode aprender dos outros três as letras BDH, sem os quais nunca lá chegaria. No entanto este quarto cérebro nunca saberá as outras letras. Quantas coisas não se terão já perdido no tempo? E, no entanto, sendo o alfabeto limitado, não teremos já atingido tudo em certos campos?

Um homem só nunca poderá saber tudo, é impossível, por isso deve seleccionar o que deseja saber, e deve tentar saber só o que lhe é mais importante, o que mais lhe interessa, mais lhe convém, mais lhe é agradavelmente bom e o que é mais humanamente tolerável e moralmente correcto.

Diz-se muitas vezes que a história se repete. Mas os homens não, os homens são sempre outros ainda que vivam a mesma história, e afinal o que importa é viver. Cada homem é uma vida. E a diversidade é a coisa mais bela. A diversidade de ideias, de culturas, impérios, raças, civilizações, filosofias, religiões, a diversidade de homens... de toda a história passada, da actualidade presente e do imprevisível futuro, porque, como dizia o Filósofo Sydney Harrys “nenhuma forma de vida é por si só totalmente boa, a combinação é todo. A vida é a arte de misturar ingredientes em proporções toleráveis.”

Seria bom se soubéssemos isto.

Sá Lopes

(Ano de 1998)

Portugal — Sua História e Lugar no Mundo


(Artigo recuperado)


Portugal — Sua História e Lugar no Mundo


Descendentes de vários povos anti­gos — celtas e iberos — e das influên­cias de outros povos de outras re­giões através das invasões — feníci­os, gregos, romanos, bárbaros e ára­bes — Portugal nasce, tornando-se independente do reino de Leão e forma-se através da reconquista dos cristãos aos árabes, criando as fron­teiras com que hoje se limita após 850 anos de história, sendo o país geograficamente mais antigamente de­marcado.

A sua boa localização geográfica, a antiguidade do seu povo e as influências de conhecimentos de outros po­vos, fazem com que os lusitanos se lancem na descoberta de outras re­giões pela curiosidade e, mais tarde, pelo comércio.

Iniciada pela mais famosa escola de navegação, fundada por D. Henri­que, a conquista e descoberta de ou­tras terras iniciou-se pelo Norte de África, seguindo-se Açores e Madei­ra e toda a costa africana, chegando onde nenhum outro povo havia che­gado, ao Cabo da Boa Esperança e de seguida ao caminho marítimo para a Índia. A par de Portugal, ou­tros povos europeus viajaram para ocidente, descobrindo a América, nomeadamente a Espanha, com a qual Portugal, no auge do seu impé­rio, divide todo o Mundo.

O movimento dos portugueses por todo o Mundo visava a colonização de uma raça considerada superior, a evangelização do cristianismo e o comércio de bens como especiarias, ouro, seda, etc. Com todo este comércio, os reis portugueses fazem de Portu­gal um dos países mais ricos e com vasto império colonial.

Esse império é ambicionado por outros países. Por crises internas, Portugal é afectado por guerras. E é ocupado por Espanha, durante seis décadas. Restaurada a independência, Por­tugal continua a explorar o seu impé­rio, agora mais voltado para o oci­dente. Do Brasil chegam grandes ri­quezas e o poder português coopera com outras potências europeias. São assinados tratados comerciais de impor­tação e exportação de bens, em que Portugal se destaca com o vinho do Porto.

Portugal começa a perder o impé­rio. É devastado com as invasões francesas. Dá-se o terramoto de Lis­boa. A família real portuguesa foge para o Brasil. Há divisão de poderes e o Brasil toma-se independente da metrópole.

Consequência da revolução indus­trial, com o progresso tecnológi­co, e da revolução francesa, com o progresso cultural e social, Portugal perde poder relativamente aos países europeus. Dá-se a partilha de Africa. Portugal torna-se um país republi­cano e entra na Primeira Guerra Mundial. O regime absolutista por­tuguês impera e tenta manter o anti­go império colonial enquanto que to­dos os outros países europeus dão independência às suas colónias. Não participando na Segunda Guerra Mundial, Portugal vê-se, no entanto, forçado a guerras coloniais por todos os países que desejam a independên­cia.

Dá-se a revolução da liberdade no 25 de Abril e Portugal entrega e abandona todas as antigas colónias a si próprias, ficando só com os Açores e a Madeira que acabam por se tor­nar regiões autónomas.

Actualmente, Portugal é um país de pouco poder económico, compen­sado em parte pela adesão à Comu­nidade Económica Europeia, actual União Europeia, social e cultural, com tendência a homogeneização a todos os níveis.

Portugal, sendo actualmente um país democrático e livre, civilizado e moderno, pactua com todos os países em tratados internacionais de inte­resses mútuos. E destacado pelos ou­tros pelas referências à sua gloriosa história, que deixou marcas por to­dos os cantos do Mundo, desde Timor e Índia, pela Africa, até à Amé­rica, e todos os emigrantes em todos os países dignificando a nossa cultu­ra, a oitava língua mais falada, os nossos feitos, os nossos descobrido­res, os nossos artistas e poetas, os nossos povos trabalhadores, o nosso futebol, o nosso folclore e o nosso fado.


Sá Lopes

(Ano de 1996)