segunda-feira, junho 11, 2007

Ter uma Profissão

Ter uma profissão

A maior parte do nosso tempo é passado no local de trabalho. Muitas vezes o local de trabalho não é um local agradável nem tão pouco saudável. No entanto, as necessidades diárias obrigam a tal sujeição. E a vida continua, com as dificuldades permanentes e com a esperança de um dia melhor, que nunca chega.

Umas vezes isso acontece porque aquilo que fazemos é o resultado das circunstâncias – é o que sabemos fazer; ou onde há emprego, ou onde se ganha mais, ou onde se entra nos quadros, ou onde podemos progredir, ou parece bem…

Outras vezes, aquilo que fazemos é exactamente aquilo que escolhemos fazer. Aquilo que desejávamos desde crianças, para o qual nos formamos, para o qual nos candidatámos e conseguimos, ou porque tínhamos competência ou porque tínhamos alguém que nos ajudou. Mas nem sempre essa escolha é bem fundamentada.

De uma forma ou de outra, a realidade com que deparámos é pior daquilo que alguma vez esperámos. Ou porque fomos vítimas do nosso destino, ou porque fomos vítimas das nossas opções mal fundamentadas. E se pudéssemos mudávamos! Se pudéssemos voltar a trás... Se soubéssemos antes... Se alguém nos tivesse avisado!...

Mas ninguém nos avisou. E talvez agora já nem haja muito a fazer, porque a vida tem que ir para a frente e as mudanças custam.

Mas… E os nossos filhos?! Será que vamos querer para eles o mesmo que nos aconteceu? Será que não podemos fazer nada, ao menos por eles?

Sabiam que uma profissão pode começar a ser escolhida desde criança? Sabiam que quantas mais profissões se praticarem a “fazer de conta” melhor pode ser escolhida uma profissão a sério? Sabiam que o contacto com várias realidades de trabalho ajuda a escolher melhor aquilo que se quer fazer? Sabiam que há pessoas com mais aptidões para um tipo de tarefas e outras para outros? Sabiam que até essas aptidões necessárias para determinada profissão podem ser desenvolvidas, e que quanto mais cedo se desenvolverem maior será o sucesso futuro?

Sabiam que há pessoas especializadas em ajudarem os outros a escolher a profissão mais adequada? Pessoas que avaliam as nossas aptidões, competências, potencialidades de desenvolvimento, e nos indicam para que é que temos mais habilidade e onde é que seremos mais bem sucedidos. Pessoas que nos indicam o que devemos desenvolver se pretendemos alcançar determinada profissão.

Sabiam que em Portugal há uma Classificação Nacional de Profissões elaborada pelo Instituto Europeu de Formação Profissional e que contempla cerca de 1700 profissões, devidamente classificadas e agrupadas, e que serve de base à formação profissional, à regulamentação e às colocações?

Sabiam que na internet facilmente se encontra o perfil funcional de cada profissão, assim como o respectivo salário médio, os principais empregadores e outros aspectos relacionados?

A forma de se obter maior satisfação no trabalho é aliar o perfil de uma pessoa ao perfil de uma função.

Pelo futuro dos seus filhos, preocupe-se também com isto.

Sá Lopes (2005)

sexta-feira, junho 08, 2007

Viver sem Deus

Viver sem Deus

Numa entrevista recente a uma das principais estações portuguesas de rádio, a propósito da publicação do livro “A criação do mundo”, Jean Dormesson, filósofo e romancista francês, afirmou que tem amigos que sabem de certeza absoluta que Deus existe, tem outros amigos que sabem de certeza absoluta que Deus não existe, enquanto que ele próprio tem a certeza absoluta que não sabe se Deus existe ou não existe, mas espera que exista. E quando o entrevistador lhe pergunta “e se Ele não existir?!” o autor diz que “então a vida é uma comédia” – no sentido em que é também uma tragédia – deduz-se.

Conclui-se por este pequeno raciocínio que a vida só faz sentido pela existência de Deus, uma vez que viver apenas “neste mundo” seria algo sem significado e absurdo.

De facto é com base nesta ideologia que a maior parte das pessoas assenta a sua realidade. Vive-se de acordo com as leis de “Deus” – seja ele que “Deus” for -, respeitando-o ou temendo-o, e por isso respeitando, ou não, os outros.

Simplificando, existem as pessoas que acreditam em Deus e respeitam os outros – ou não - por isso, e, existem as pessoas que não acreditam em Deus, e por isso, não sentem obrigação de respeitar os outros.

Acontece que a existência de Deus, para além de justificar os comportamentos da maior parte das pessoas, serve ao mesmo tempo para as desresponsabilizar dos comportamentos com consequências negativas.

Por respeitar tanto Deus – ou fazer de conta que se respeita – é que se fazem guerras, se mata, se maltrata e se abusa das outras pessoas.

Não seria muito mais simples vivermos de acordo com o que está ao nosso alcance, colocando de parte as religiões, os misticismos, os paraísos e os infernos de outros mundos, a subserviência as seres humanos que usam o nome de “Deus” para benefício próprio, a eternidade e outras fantasias apenas existentes na imaginação e na ignorância, e assim respeitarmo-nos mutuamente sem querermos impor o nosso poder aos outros!?

Não seria muito melhor o mundo se respeitássemos todos os outros com quem nos cruzamos na vida em vez de respeitar “Deus” e passar por cima dos outros!?

Porque razão a vida sem Deus tem que ser absurda?!

Se recuarmos no tempo encontramos pessoas que foram “queimadas” por muito menos que questionar a existência de “Deus”. Actualmente há pessoas que têm a certeza absoluta que “Deus” não existe e são totalmente respeitadas. Não será este um caminho que pelo conhecimento nos vai levar a uma vida plena, feliz, com significado, e sem “Deus”.

A vida dos animais e das plantas é perfeita e bela, do princípio ao fim, sem “Deus” – porque será que a nossa não pode ser!?

Já temos armas para nos defendermos dos animais da selva! Já temos armas para nos defendermos de ataques do espaço! Porque razão temos de nos andar a explorar uns aos outros?!

Porque razão uns se adornam com diamantes enquanto outros morrem ao escavá-los na terra?! Porque razão uns usam artigos de marcas famosas enquanto outros passam muitas horas por dia a produzi-los?! Porque razão uns vivem em palácios enquanto outros passam a vida a construi-los?! Porque razão uns vivem rodeados de luxo enquanto outros vivem no lixo dos primeiros?! Porque razão uns estão sempre em altos pedestais e outros têm que estar sempre curvados sob eles?!

Não seremos nós todos iguais?!

Quando é que vamos ensinar às crianças que devem ser melhores para os outros em vez de ser melhores que os outros!? Quando é que vamos ensinar às crianças que não foi “Deus” que fez o mundo, mas que somos nós que o fazemos a cada momento que passa!?

É tão fácil fazer o mundo melhor!... Basta sabermos que tudo está nas nossas mãos, que somos responsáveis por tudo, que os outros são exactamente iguais a nós e que devem ser tratados tal como nós gostamos de ser!

Infelizmente existe “Deus” para nos perdoar pelo facto de sermos incapazes de fazer um mundo melhor!…


Sá Lopes, Junho 2007

sábado, abril 28, 2007

Teoria Breve Sobre a Morte Mental

Teoria Breve Sobre a Morte Mental


Neste texto pretende-se publicar uma nota teórica sobre a morte mental, com o objectivo de poder ser verificada.

O conceito de morte mental aqui utilizado refere-se à percepção do acto de morrer, considerando-se a morte não como sendo a inexistência de vida, mas o processo de morrer, ou seja, a passagem do estado de vida – ter vida – para o estado de morte – não ter vida. Exclui-se aqui a abordagem religiosa.

A morte é, normalmente, um acontecimento não planeado e resultante de uma quebra no estado normal do ser vivo, muito provavelmente resultante de doença, acidente ou outro tipo de situação similar.

Assim, do estado de vivo para o estado de não vivo processa-se a morte, e dentro deste processo encontram-se outros dois estados intermédios, que são os estados de consciente e de não consciente.

O estado intermédio não consciente é o mais próximo da morte, e pode-se definir em duas abordagens: não consciente em relação aos outros e não consciente em relação a si.

Quando uma pessoa morre, passa do estado de vivo, para o estado de não vivo/morto, mas antes de alcançar este estado pode-se encontrar em três estados mentais diferentes: consciente, não consciente de si, e não consciente em relação aos outros.

Estar não consciente de si é quando a pessoa perde a percepção do que a rodeia, e se morrer, isso acontece sem qualquer conhecimento da própria morte e, provavelmente, sem sofrimento.

Estar não consciente em relação aos outros é quando a pessoa não manifesta qualquer sinal – como no estado de coma, por exemplo – mas, se morrer, percebe tudo o que se passa em seu redor, até morrer.

Estar consciente é quando a pessoa tem conhecimento de tudo o que se passa, e se morrer, tem percepção de tudo o que lhe acontece, até morrer.

Nos dois últimos estados, a pessoa, ao morrer, percebe o que lhe acontece, sendo que num pode-se manifestar e no outro não. E nos dois primeiros estados a pessoa não se pode manifestar, sendo que num percebe o que lhe acontece e no outro não.

Após se morrer, seja qual for o processo, não há retorno. No entanto, se não se alcançar o último momento do processo da morte, pode haver retorno, e regressar à vida – sendo que o regresso só é possível porque o processo não terminou.

As pessoas que estão inconscientes regressam à vida como se acordassem de um sono. Mas as pessoas que estão conscientes regressam à vida como acordassem de um sonho. Tal é o estado que a sua consciência alcançou ao aproximar-se da morte. O famoso túnel de luz, que a pessoa que passa por uma experiência destas relata, apenas será o fim do processo, que consiste na morte em consciência, quando a consciência se está perder, de forma irreversível.

Sá Lopes, 28 de Abril de 2007

terça-feira, janeiro 30, 2007

Aborto/IVG: Lavar as mãos

Aborto/IVG: lavar daí as mãos

É com algum incómodo que me sinto obrigado a redigir este artigo, por ver que um Governo maioritário coloca uma decisão difícil como é o Aborto/IVG nas mãos dos eleitores, dividindo-os, sabendo que os membros desse Governo têm uma posição clara, e assumida em campanha eleitoral, sobre o assunto, quando podiam alterar a lei em assembleia.

Ponto 1: Em todos os lugares onde há homens e mulheres normais, o papel do homem é muito mais activo no que respeita ao acto sexual, logo, é ele o principal actor numa fecundação, por isso, não se compreende porque razão na actual lei apenas a mulher é condenada, quando muitas vezes foi até coagida a ter relações sexuais.

Ponto 2: Uma mulher que engravida sem desejar demora algum tempo a saber que está grávida; demora tempo a decidir se deve ou não informar o parceiro ou os familiares; demora tempo a decidir se deve ou não abortar; demora tempo a decidir onde e como vai abortar; logo, quando finalmente é feito o aborto, terão muitas vezes passado já as dez semanas. Pela nova lei a aprovar no referendo, muitas mulheres continuarão a ser condenadas, excepto se já tiverem claro na sua mente que se engravidarem abortarão, o que significa que o aborto vai ser usado principalmente como meio anti-concepcional.

Ponto 3: Tal como a actual, a nova lei, não atribuirá qualquer responsabilidade ao homem, pelo caberá apenas à mulher decidir quando e de quem deseja ter filhos, anulando o direito à igualdade entre os sexos, no que respeita à opção da descendência.

Pelas razões expostas votarei Não neste referendo, mas se me perguntassem se concordo com a Interrupção Voluntária da Gravidez se realizada em estabelecimento legalmente autorizado, em qualquer momento do desenvolvimento do embrião/feto desde que assinassem por baixo a mãe, o pai, um profissional de saúde responsável, e, já agora, porque é a minha área, um psicólogo responsável, votaria Sim.

S. Lopes, Braga