O SALTO HUMANO
Diz-nos a História que o Ser Humano sempre evoluiu à custa
de si próprio no sentido em que dividido se fazia crescer, isto é, o bem de uns
a par sempre do mal dos outros.
O poder, e a ambição de o alcançar, produziu nos seres humanos a indiferença perante os seus semelhantes ao ponto de os aniquilar.
A história é feita de guerras. Guerras entre reinos, civilizações, nações, famílias, religiões e etnias. Todos humanos, mas todos com disposição para guerrear por qualquer motivo.
Continentes inteiros, como América e Africa, têm línguas oficiais originárias da Europa. Ingleses, portugueses, espanhóis e franceses colonizaram esses continentes. Muita terra era de ninguém, mas também muitos habitantes haviam em muitas terras, com tradições ancestrais, que acabaram por sucumbir com a invasão europeia.
Houve escravatura, prisioneiros, pena de morte, e continua-se a produzir armas, cada vez mais sofisticadas, com as quais se mantém o poder. É assim na Rússia sobre a Ucrânia, nos Estados Unidos sobre o Iraque e sobre o Afeganistão. Na China sobre Tibete. Em Israel sobre a Palestina.
Apesar de enormes ameaças, nomeadamente de ação terrorista, e de partes do mundo muçulmano contra o mundo ocidental, e de haver países que não se relacionam e onde não há liberdade, como na Coreia do Norte ou em Cuba, o mundo está cada vez mais globalizado.
A evolução tecnológica trouxe uma nova visão global. Os computadores, a internet e todas as comunicações e redes socias trouxeram uma nova forma de entender o mundo. O Bill Gates enriqueceu dando ao mundo acessibilidades digitais. Amâncio Ortega enriqueceu dando ao mundo a possibilidade de estar na moda.
Mesmo assim, a Microsoft e a Inditex, continuam a lutar pela manutenção dos índices de produtividade e cotação bolsista. Continuam a querer mais. Ainda que as crianças na Ásia trabalhem em fábricas têxteis muitas horas diárias, ou que as raparigas do leste europeu sejam exploradas por redes de prostituição na internet.
Mas o mundo já não é o mesmo, e a segurança do poder cai à velocidade da evolução. Grandes impérios desmoronam como baralhos de cartas ou castelos de areia. Foi o Lehman Brothers, a General Motors ou a Crysler.
Os ricos vão à falência e os pobres têm acesso ao dinheiro. Ou, pelo inverso, os pobres tiveram acesso ao dinheiro e fizeram os ricos falir. Esta guerra, entre ricos e pobres, continua ser a mesma guerra de sempre, do poder pelo poder, anulando os adversários.
Uns e outros, vencedores e vencidos, são ambos seres humanos. A riqueza de poucos continua a contrastar com a pobreza da maioria. A crise afetou a América, a Europa e o Japão. Entretanto os Brics (países em economia crescente como o Brasil e a China) crescem. O mundo jamais será o mesmo.
Como os recursos esgotam e o conhecimento está ao alcance de todos, não seria já tempo do ser humano pensar em dar o salto? Deixar de ambicionar o poder em sobreposição aos outros, redistribuindo a riqueza e trabalhando em conjunto por um mundo global melhor?
Se o salto humano não for dado com inteligência e o mundo não deixar de evoluir, um dia os refugiados que todos os dias atravessam o mediterrâneo ocuparão as mansões daqueles que do outro lado do mar os ignoram!
Manuel Sá Lopes
Julho de 2014