Democracia Dinâmica
Os eleitores votavam sempre que assim entendessem, nas Juntas de Freguesia ou via internet. Tinham direito a um só voto activo, que alteravam de acordo com a concordância com as políticas dos governantes.
A Comissão Nacional de Eleições, todos os dias, a determinada hora, divulgava a “cotação” do governo e a da oposição, e dos demais órgãos elegíveis, como o Presidente da República e candidatos oficiais.
Governava o Partido que tivesse maior número de votos.
Uma vez no governo, um partido só cederia o poder se fosse ultrapassado, em número de votos, por outro partido, durante o período de um mês consecutivo.
Na oposição, um partido que ultrapassasse o número de votos do governo durante 15 dias consecutivos teria de se preparar para governar, e só assumiria o governo se essa “cotação” se mantivesse por mais 15 dias.
Os partidos teriam que ter sempre um programa e uma equipa apta a governar.
Acabavam-se as campanhas eleitorais e as eleições.
Acabavam-se as políticas de acordo com o calendário eleitoral, as manifestações anti-governamentais, as influências e a corrupção, e só os mais bem avaliados governavam, porque o poder estava de facto nas mãos do povo, como idealiza a democracia.
sexta-feira, dezembro 19, 2008
sábado, outubro 18, 2008
Abençoada Crise
Abençoada Crise
Alguém pensaria que era possível vivermos sempre, e cada vez mais, a crédito?! É que se assim fosse chegaríamos ao ponto de vivermos com o dinheiro que os nossos descendentes iriam pagar, daqui a anos, e passaríamos a nascer todos já com grandes dívidas.
A economia funciona num espaço temporal limitado. Empresta-se hoje para se receber – mais – amanhã. Ninguém empresta para não receber em tempo útil. Tal como nada serve
uma fortuna que só se vai herdar depois da morte.
É tempo de aprendermos a viver com aquilo que temos e não com aquilo que pensamos que podemos ter. É tempo de aprender a saber gerir o nosso dinheiro e deixarmos de viver com dinheiro que não é nosso. É tempo de sabermos dizer não a milhões de coisas que consumimos mas que na realidade não nos fazem falta.
É tempo de sermos saudáveis. De não comprarmos tudo o que nos aparece e que nos é proposto.
Milhões de fábricas trabalhavam em grande velocidade a produzir coisas que compramos sem precisar com dinheiro que não é nosso. Milhões de pessoas trabalhavam a correr para ganhar mais dinheiro para pagar mais coisas que compravam e que só as prejudicavam.
Televisões, telemóveis, consolas, óculos do sol, fast food, piscinas, ginásios, medicamentos, produtos de beleza, cartões de crédito, móveis, automóveis, casas de férias, viagens… Tudo isto pode parecer muito bom mas na maior parte só nos prejudica. Para não falar do mal que fazemos ao viver stressados com o trabalho e com as dívidas.
É tempo de repensar os nossos objectivos. De pensarmos no nosso bem real e não no nosso bem aparente – de consumismo – que só beneficia os outros. É tempo de sermos saudáveis com a simplicidade das nossas terras, dos nossos amigos, da nossa família, do nosso tempo livre, da nossa saúde e do nosso ambiente.
Cada coisa que vamos deixar de comprar com a crise, é cada uma com a qual contribuímos para o nosso bem e para o bem dos outros e do planeta. Os recursos do nosso planeta também se esgotam como se esgotou o dinheiro. Porque os gastamos de forma tão abrupta que não permitimos que se renovam.
Ainda bem que o dinheiro acabou para assim pouparmos o ambiente e a saúde. Ainda bem que foi a economia a decretar os limites à nossa fome de recursos da terra, para assim podermos viver mais uns anos, uma vez que pela nossa mente insaciável não conseguíamos parar de a absorver. Alimentos, plásticos, papel, fibras, energias… de onde vem tudo?!
Abençoada crise, para bem do ambiente, e de uma vida saudável!...
Alguém pensaria que era possível vivermos sempre, e cada vez mais, a crédito?! É que se assim fosse chegaríamos ao ponto de vivermos com o dinheiro que os nossos descendentes iriam pagar, daqui a anos, e passaríamos a nascer todos já com grandes dívidas.
A economia funciona num espaço temporal limitado. Empresta-se hoje para se receber – mais – amanhã. Ninguém empresta para não receber em tempo útil. Tal como nada serve
uma fortuna que só se vai herdar depois da morte.
É tempo de aprendermos a viver com aquilo que temos e não com aquilo que pensamos que podemos ter. É tempo de aprender a saber gerir o nosso dinheiro e deixarmos de viver com dinheiro que não é nosso. É tempo de sabermos dizer não a milhões de coisas que consumimos mas que na realidade não nos fazem falta.
É tempo de sermos saudáveis. De não comprarmos tudo o que nos aparece e que nos é proposto.
Milhões de fábricas trabalhavam em grande velocidade a produzir coisas que compramos sem precisar com dinheiro que não é nosso. Milhões de pessoas trabalhavam a correr para ganhar mais dinheiro para pagar mais coisas que compravam e que só as prejudicavam.
Televisões, telemóveis, consolas, óculos do sol, fast food, piscinas, ginásios, medicamentos, produtos de beleza, cartões de crédito, móveis, automóveis, casas de férias, viagens… Tudo isto pode parecer muito bom mas na maior parte só nos prejudica. Para não falar do mal que fazemos ao viver stressados com o trabalho e com as dívidas.
É tempo de repensar os nossos objectivos. De pensarmos no nosso bem real e não no nosso bem aparente – de consumismo – que só beneficia os outros. É tempo de sermos saudáveis com a simplicidade das nossas terras, dos nossos amigos, da nossa família, do nosso tempo livre, da nossa saúde e do nosso ambiente.
Cada coisa que vamos deixar de comprar com a crise, é cada uma com a qual contribuímos para o nosso bem e para o bem dos outros e do planeta. Os recursos do nosso planeta também se esgotam como se esgotou o dinheiro. Porque os gastamos de forma tão abrupta que não permitimos que se renovam.
Ainda bem que o dinheiro acabou para assim pouparmos o ambiente e a saúde. Ainda bem que foi a economia a decretar os limites à nossa fome de recursos da terra, para assim podermos viver mais uns anos, uma vez que pela nossa mente insaciável não conseguíamos parar de a absorver. Alimentos, plásticos, papel, fibras, energias… de onde vem tudo?!
Abençoada crise, para bem do ambiente, e de uma vida saudável!...
sábado, maio 03, 2008
O Estado da Psicologia em Portugal
O Estado da Psicologia em Portugal
A Psicologia é uma ciência recente no contexto da evolução científica ocidental, com pouco mais de um século de existência, encontrando-se ainda numa fase de estruturação, com diversas correntes teóricas ainda não totalmente consistentes.
É uma ciência que surge no topo da evolução humana, após se especificarem conceitos amplamente apreendidos, com base em diversas disciplinas científicas, entre as quais se distinguem a medicina e a filosofia.
É, assim, uma ciência, da qual surge uma prática profissional, que apenas reúne condições para se estabelecer em sociedades desenvolvidas e civilizadas.
A utilização do conhecimento científico da Psicologia no âmbito da acção para o desenvolvimento humano começou por se estabelecer em contextos institucionalizados, uma vez que, no passado, as pessoas que sofriam de perturbações psicológicas não eram considerados doentes, e lhes era vedada a vida normal em sociedade sendo colocados compulsivamente em “asilos” sem qualquer tipo de acompanhamento. Por essa razão, os Psicólogos começaram por ser identificados como aqueles que tratavam os “malucos”, sendo que foi esse tratamento que derrubou as barreiras dos asilos devolvendo a dignidade a essas pessoas, que passaram a ser doentes e tratados em hospitais.
Se nos países evoluídos a Psicologia ainda está a nascer – em termos de consistência científica - em Portugal, a sua introdução nas universidades, e na sociedade, é muito mais recente, com apenas algumas dezenas de anos.
No entanto, por ser uma ciência no topo do conhecimento – estuda o que o ser humano tem de mais nobre, enquanto pessoa que sente, pensa e age – uma ciência que cresce nos países mais evoluídos que todos querem imitar, e aparentemente uma ciência acessível, tornou-se alvo de procura por todos os que buscam o conhecimento, ou apenas o crescimento académico.
As universidades e as faculdades encontraram aí uma fonte de sucesso, não só porque a procura por parte dos estudantes era elevada, mas também porque a resposta por parte dos docentes podia ser vasta e sem grandes barreiras teóricas nem supervisão por qualquer tipo de entidade.
Formaram-se assim muitos milhares de estudantes em Psicologia que muitas vezes partilham poucos conhecimentos teóricos entre si. E transportaram essa formação “deformada” para a vida profissional - quando a conseguiram alcançar.
A intervenção da Psicologia no âmbito das políticas de saúde é, desta forma, estabelecida sem a existência de uma ordem, um colégio, ou uma entidade que coordene, indique, ou fiscalize.
Pelo caminho surgem várias organizações que pretendem assumir esse papel, sem que nenhuma delas encontre consistência suficiente para o fazer, também porque as diferentes formações e correntes teóricas tentaram impor-se umas perante as outras, criando mais divisões que uniões.
Devido à acção dos Psicólogos, até então, e ainda que, desorganizada, foram criadas necessidades na população no que concerne à intervenção psicológica. Tal intervenção é, por demais premente, em muitos contextos, nomeadamente na saúde mental, no desenvolvimento escolar, no planeamento familiar, na justiça, nos comportamentos de risco, nas situações de catástrofe, para além das intervenções nas organizações, nas comunidades, no desporto, a comunicação e no marketing, etc. Ou não fosse Portugal já
um país desenvolvido!
Estas necessidades têm sido colmatadas com o trabalho dos muitos Psicólogos que, ao longo dos anos foram estabelecendo a sua intervenção, com mais ou menos sucesso, e principalmente por um enorme número de Psicólogos, com relativa precariedade, com recurso a subsídios em determinados programas, recibos verdes, trabalho voluntário e estágios.
O número de pessoas formadas em Psicologia em Portugal é muito elevado tendo em conta a população, e as universidades continuam a formar, a cada ano que passa, centenas de novos licenciados em Psicologia.
Cresce assim o número de licenciados em Psicologia que não encontram trabalho nessa área, bem como as frustrações de quem apostou numa carreira, eventualmente de sucesso, no topo do conhecimento, que afinal se traduz num enorme fracasso.
Tudo isto acontece porque no interior da profissão/ciência, ninguém se preocupou em definir regras, nomeadamente os primeiros Psicólogos formados em Portugal. As universidades, por sua vez, apenas se preocuparam com o número cada vez maior de alunos e cursos, pois é daí que advêm as suas receitas. E no exterior, naqueles que deviam determinar os acessos às universidades e às profissões, de acordo com as necessidades reais e previsíveis do país, também nada se fez. Nos governos, os ministérios da educação/ensino superior e do trabalho, ao longo de todos estes anos, nunca se preocuparam com este problema.
Na Assembleia da República encontra-se há muito uma proposta para formalizar a criação da Ordem dos Psicólogos. Mas, por algum motivo, tal formalização parece não avançar. Ou porque os Psicólogos não querem, ou porque os governantes não querem.
Certo é que, após a sua aprovação, eventualmente muitos dos actuais e novos licenciados em Psicologia não terão acesso à profissão de Psicólogo. Mas isso é apenas o caminho que tem que se seguir, com organização, já que o acesso está limitado por natureza, sem organização.
Se a Ordem, ou qualquer outra organização não for criada, e os Psicólogos continuarem a procurar os bancos alimentares para sobreviverem, isso apenas será o resultado daquilo que construirmos.
E se alguém ainda continuar a pensar que a Psicologia é uma ciência desnecessária, é porque se sente a viver num país de terceiro mundo que excluí os doentes. Esquecendo-se que um dia pode adoecer.
3 de Maio de 2008, Sá Lopes
A Psicologia é uma ciência recente no contexto da evolução científica ocidental, com pouco mais de um século de existência, encontrando-se ainda numa fase de estruturação, com diversas correntes teóricas ainda não totalmente consistentes.
É uma ciência que surge no topo da evolução humana, após se especificarem conceitos amplamente apreendidos, com base em diversas disciplinas científicas, entre as quais se distinguem a medicina e a filosofia.
É, assim, uma ciência, da qual surge uma prática profissional, que apenas reúne condições para se estabelecer em sociedades desenvolvidas e civilizadas.
A utilização do conhecimento científico da Psicologia no âmbito da acção para o desenvolvimento humano começou por se estabelecer em contextos institucionalizados, uma vez que, no passado, as pessoas que sofriam de perturbações psicológicas não eram considerados doentes, e lhes era vedada a vida normal em sociedade sendo colocados compulsivamente em “asilos” sem qualquer tipo de acompanhamento. Por essa razão, os Psicólogos começaram por ser identificados como aqueles que tratavam os “malucos”, sendo que foi esse tratamento que derrubou as barreiras dos asilos devolvendo a dignidade a essas pessoas, que passaram a ser doentes e tratados em hospitais.
Se nos países evoluídos a Psicologia ainda está a nascer – em termos de consistência científica - em Portugal, a sua introdução nas universidades, e na sociedade, é muito mais recente, com apenas algumas dezenas de anos.
No entanto, por ser uma ciência no topo do conhecimento – estuda o que o ser humano tem de mais nobre, enquanto pessoa que sente, pensa e age – uma ciência que cresce nos países mais evoluídos que todos querem imitar, e aparentemente uma ciência acessível, tornou-se alvo de procura por todos os que buscam o conhecimento, ou apenas o crescimento académico.
As universidades e as faculdades encontraram aí uma fonte de sucesso, não só porque a procura por parte dos estudantes era elevada, mas também porque a resposta por parte dos docentes podia ser vasta e sem grandes barreiras teóricas nem supervisão por qualquer tipo de entidade.
Formaram-se assim muitos milhares de estudantes em Psicologia que muitas vezes partilham poucos conhecimentos teóricos entre si. E transportaram essa formação “deformada” para a vida profissional - quando a conseguiram alcançar.
A intervenção da Psicologia no âmbito das políticas de saúde é, desta forma, estabelecida sem a existência de uma ordem, um colégio, ou uma entidade que coordene, indique, ou fiscalize.
Pelo caminho surgem várias organizações que pretendem assumir esse papel, sem que nenhuma delas encontre consistência suficiente para o fazer, também porque as diferentes formações e correntes teóricas tentaram impor-se umas perante as outras, criando mais divisões que uniões.
Devido à acção dos Psicólogos, até então, e ainda que, desorganizada, foram criadas necessidades na população no que concerne à intervenção psicológica. Tal intervenção é, por demais premente, em muitos contextos, nomeadamente na saúde mental, no desenvolvimento escolar, no planeamento familiar, na justiça, nos comportamentos de risco, nas situações de catástrofe, para além das intervenções nas organizações, nas comunidades, no desporto, a comunicação e no marketing, etc. Ou não fosse Portugal já
um país desenvolvido!
Estas necessidades têm sido colmatadas com o trabalho dos muitos Psicólogos que, ao longo dos anos foram estabelecendo a sua intervenção, com mais ou menos sucesso, e principalmente por um enorme número de Psicólogos, com relativa precariedade, com recurso a subsídios em determinados programas, recibos verdes, trabalho voluntário e estágios.
O número de pessoas formadas em Psicologia em Portugal é muito elevado tendo em conta a população, e as universidades continuam a formar, a cada ano que passa, centenas de novos licenciados em Psicologia.
Cresce assim o número de licenciados em Psicologia que não encontram trabalho nessa área, bem como as frustrações de quem apostou numa carreira, eventualmente de sucesso, no topo do conhecimento, que afinal se traduz num enorme fracasso.
Tudo isto acontece porque no interior da profissão/ciência, ninguém se preocupou em definir regras, nomeadamente os primeiros Psicólogos formados em Portugal. As universidades, por sua vez, apenas se preocuparam com o número cada vez maior de alunos e cursos, pois é daí que advêm as suas receitas. E no exterior, naqueles que deviam determinar os acessos às universidades e às profissões, de acordo com as necessidades reais e previsíveis do país, também nada se fez. Nos governos, os ministérios da educação/ensino superior e do trabalho, ao longo de todos estes anos, nunca se preocuparam com este problema.
Na Assembleia da República encontra-se há muito uma proposta para formalizar a criação da Ordem dos Psicólogos. Mas, por algum motivo, tal formalização parece não avançar. Ou porque os Psicólogos não querem, ou porque os governantes não querem.
Certo é que, após a sua aprovação, eventualmente muitos dos actuais e novos licenciados em Psicologia não terão acesso à profissão de Psicólogo. Mas isso é apenas o caminho que tem que se seguir, com organização, já que o acesso está limitado por natureza, sem organização.
Se a Ordem, ou qualquer outra organização não for criada, e os Psicólogos continuarem a procurar os bancos alimentares para sobreviverem, isso apenas será o resultado daquilo que construirmos.
E se alguém ainda continuar a pensar que a Psicologia é uma ciência desnecessária, é porque se sente a viver num país de terceiro mundo que excluí os doentes. Esquecendo-se que um dia pode adoecer.
3 de Maio de 2008, Sá Lopes
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